Como se fosse remédio…

Meus pais colocavam no nosso prato um pouco de tudo que tinha para o almoço ou jantar.

“Não quero” e “Não gosto” eram palavras inexistentes, na hora das refeições. “Vai comer, como se fosse remédio”, era uma das ordens; a outra: “Não pode dizer que não gosta, se não experimentar.”

As duas lições carrego até hoje, porque me ensinaram a gostar de brócolis, almeirão e até de jiló. Com o quiabo e o pequi não deu certo. Continuam a fazer parte da minha lista do “não gosto”. 

Certas comidas “finas” também não me apetecem, como o caviar (ovas de esturjão) e o queijo Gorgonzola, cheio de fungos. 

Já o queijo Chancliche não recuso nunca. Meu pai servia no aperitivo dominical, com coalhada seca, homus com tahine e outras delícias árabes. Ele tomava uma dose de San Raphael e nós, suco de frutas. 

O paladar, na minha humilde opinião de quem não entende de gastronomia, tem muito a ver com a educação que recebemos, com os hábitos familiares e com lembranças. Pelo menos, a maioria dos meus resulta de tais fatores. E os seus? 

Célia Bretas Tahan

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