Quero ser Eu

Sou o que sou, mas não o que gostaria de ser. Talvez nem mesmo o que deveria ser. Sonhos, desejos, ilusões. No passado, o futuro era promissor para alguns. Nem tanto para outros.

Quero ser Eu

Sou o que sou, mas não o que gostaria de ser. Talvez nem mesmo o que deveria ser.

Sonhos, desejos, ilusões. No passado, o futuro era promissor para alguns. Nem tanto para outros.

Nesta série do blog Contando História, quatro jornalistas escritores filosofam sobre suas velhas ambições de criança, quando respondiam as perguntas recorrentes dos adultos: “o que você quer ser quando crescer?”

Célia queria ser policial. Neide Duarte gostava de brincadeiras e mistérios. Zanfra era decidido a virar motorista de ônibus e Dorneles um cowboy de rodeio. Nereu achava que poderia ir para os Estados Unidos e se tornar agente secreto, talvez da Cia.

Todos se tornaram jornalistas e escritores, palestrantes, cultivadores de flores ou apenas apreciadores e sempre, observadores do Universo.

Ser piloto ou policial
Vi matéria, outro dia, sobre a lista de desejos de crianças de 5 e 6 anos, de uma escola de Belo Horizonte. Tinha de tudo, desde ser fada até passar o dia num spa (uau!!!) com as amigas. Nesta idade, eu só queria que minha mãe vivesse para sempre. Morria de medo de perdê-la! Acho que meu desejo foi realizado: aos 92 anos, minha mãe aparenta ter uns 50. Vitalidade, disposição e capacidade de raciocínio não lhe faltam. Sempre digo que irei embora deste mundo antes dela. Ainda bem! Na verdade, lá pelos idos de 1960-1970, tudo o que queríamos…
E. A. O. V. PIRITUBA
Peguei uma caixa velha de madeira – dessas de laranja, antes que as caixas de laranja ganhassem formato mais trabalhado, em pinus, a ponto de virarem artigos de decoração – e a pus em pé no chão. No sentido longitudinal, quero dizer, com o lado maior colocado perpendicularmente em relação ao chão de terra. Hoje, todos os carrinhos de mão – que na minha infância a gente chamava de carriola – rodam sobre pneus. Naquele tempo, não: as rodas eram de ferro, com aros de ferro. E era uma roda dessas que eu tinha à minha disposição, e foi uma…
Brincadeiras e mistérios
Quando era criança eu queria ser criança e dançar na Gincana Kibon e ser aluna da Maria Olenewa e dançar “A morte do cisne”, e morrer tragicamente num gesto de nunca mais, naquele palco que eu desconfiava ser o mesmo do Circo do Arrelia. Quando era criança queria ser companheira de Ivanhoé e cavalgar pelas terras do rei desaparecido, Ricardo Coração de Leão, usurpadas pelo irmão, príncipe John. E Roger Moore era o homem mais lindo que eu já tinha visto. Quando era criança queria ser o Zorro, andar de capa, máscara, voar pelos telhados de Los Angeles e defender…
De padre a escritor
Se vissem o lugar de onde sai, com certeza, imaginariam que eu seria um capinador do cafezal alheio, como meu pai, um retireiro – para os da cidade, o camarada que cuida do gado leiteiro – ou um peão, responsável pelo gado de engorda. Não me lembro de alguém ter me perguntado um dia o que eu gostaria de ser quando crescesse. Só que minha mãe, dona Jovina, apesar de ser uma mulher simples, da roça, de poucos estudos, era visionária e sonhadora. Tinha outros planos para mim e, se dependesse dela, eu seria padre, de batina, breviário, rosário e…
Agente secreto vira jornalista
Matuto do interior. Assim era meu pai. Inteligente, mas com pouca instrução, achava que era melhor começar a trabalhar logo, ao invés de estudar, como fizeram seus irmãos, pais e avós. Também, no meio do mato não havia muito o que fazer, menos o que aprender. Era suor e lágrimas de sol a sol. A alegria eram os filhos – e sempre são – criados para a roça. Seu Samuel era forte, o que lhe possibilitou labutar como peão de boiadeiro, levando gado selvagem pelo sertão afora, comendo pó ou amassando barro. Trabalho duro que lhe garantiu uma sobrevida de…

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