Recebo mensagem da filha pelo WhatsApp, de um telefone desconhecido:

– Pai, bom dia!! Meu celular danificou a tela, assim que puder vou levá-lo na assistência técnica. Estarei usando este temporariamente, qualquer novidade me chama aqui.

Lembrei-me vagamente de uma conversa na casa dela em que meu genro comentou sobre os danos que a tela do celular dela havia sofrido e, confirmada a premissa do problema técnico, concordei: botei um emoji de positivo na mensagem e a conversa parou por aí.

Pouco mais de uma hora depois, outra mensagem, do mesmo telefone. Ela pergunta se estou ocupado e diz que precisa de um favor:

– Estou tentando fazer alguns pagamentos, mais esse aparelho que estou usando não esta habilitado ao meu banco, teria como fazer esse pagamento para mim, amanhã eu vou ao banco resolver toda essa questão transfiro de volta para sua conta?

Epa! Mexeu com dinheiro? Uma luzinha acendeu! Esse negócio de fazer pagamentos e depois ‘nóis acerta’ sempre deixa a gente com um pé atrás! Nem tinha reparado que ela tinha cometido o erro grosseiro de trocar ‘mas’ pelo ‘mais’, e perguntei – sabendo qual seria a resposta e tentando descobrir se era ela mesma – qual era o banco em que ela tinha conta. Não houve resposta, mas um simples “vou te passar os dados”.

E ela passou nome e cpf de quem deveria receber o depósito. Quando informou o valor, a luzinha transformou-se num semáforo piscante: o pagamento era de R$ 5.892,00! Quase seis mil reais! Quem paga uma conta desse valor sem desconfiar?

Já suspeitando da ‘autenticidade’ de ‘minha filha’, entrei em contato, também pelo WhatsApp, com meu genro, e ele acreditou que estavam tentando me aplicar um golpe. Sugeriu que eu poderia usar um artifício para saber se quem estava do outro lado do aparelho era realmente quem disse que era: perguntar o nome do cachorro da família (na verdade, uma cadela). Se não soubesse responder…

Segui as instruções:

– Vou pagar, se você me disser o nome de seu cachorro.

– ?? Não entendi.

– Qual o nome de seu cachorro? Pergunta simples.

– Que cachorro?

Não precisei mais nada para confirmar o golpe: além de entender a pergunta e saber a que cachorro eu me referia, minha filha jamais trocaria o ‘mas’ pelo ‘mais’!

Marco Antonio Zanfra

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