Cheirando a álcool

Eleito prefeito de São Paulo em 1985, Jânio Quadros assumiu em janeiro de 1986, decidido a recriar a Guarda Civil Metropolitana. Queria que seguisse os moldes da anterior, Guarda Civil, amiga da população, incorporada à Polícia Militar, em 1970.

Para levar a cabo a tarefa, nomeou o coronel de reserva do Exército, José Ávila da Rocha. Contrariando todos os machistas que o cercavam, Ávila me escolheu para assumir a Comunicação. Só tivemos de mudar o nome, chamando de “Relações Públicas”, para “enganar” o Jânio, que centralizou o setor na prefeitura.

Pusemos mãos à obra. Até o uniforme escolhido teve de ser semelhante ao da antiga Guarda Civil!

Concurso e treinamento completos e formada a primeira turma, a nova corporação precisava de carros. Foram comprados Fuscas a álcool e marcada a solenidade de entrega, no pátio do gabinete do prefeito, na época, no Parque do Ibirapuera.

A dúvida: o Jânio desceria ou não para entregar as viaturas?

Enquanto esperávamos, o coronel Ávila mandou ligar todos os carros. O cheiro de álcool invadiu o pátio, a ponto de parecer que estávamos numa destilaria.

Alguns minutos depois, aparece Jânio Quadros, sorridente, esbanjando simpatia e carisma, para entregar as viaturas.

Para os adversários presentes, o cheiro do álcool atraiu Jânio. Que maldade, né?

Célia Bretas Tahan

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