Deveria ter dado ouvidos à minha mulher, que me alertou mais de uma vez durante o período das eleições:
– Cuidado com o estresse! Ele vai derrubar sua imunidade.
Soterrado por fake news e posts dignos de uma deep web, soltei os cachorros. Como um bom ariano, briguei com meio mundo, xinguei, cancelei, bloqueei, inclusive, familiares e amigos de longa data. Se alguém passou por isso nesse período, nem preciso explicar muito.
A conta chegou exatamente às vésperas do segundo turno. Fui caminhar de manhã, como sempre faço, e na volta passei na feira para comprar algumas frutas. Voltei com três ou quatro sacolinhas para minha casa, uns dois quilômetros distante. No mesmo dia, senti uma espécie de formigamento no braço esquerdo e no tórax. Atribui tudo à caminhada, somado ao “excesso” de peso.
Votei logo cedo no domingo, passei umas cinco horas na praia, aqui em Santos, aparentemente tranquilo e feliz, mas no fundo bastante apreensivo. Cheguei em casa umas 18 horas e me pus a acompanhar a marcha das apurações. Só relaxei ali por volta das 20 horas, quando soube do resultado. O formigamento do lado esquerdo persistia, mas eu, eufórico, nem liguei muito.
Segunda-feira, à noite, fiquei incomodado com umas dores e uma queimação na região do coração. Pensei logo num infarto. Orientado por uma amiga nossa, enfermeira, pedi pra minha esposa me levar ao pronto-socorro, aqui perto de casa. O médico de plantão pediu para eu fazer eletro; fiz, mas nada foi constatado. No dia seguinte, como persistisse o incômodo, voltei ao hospital. A plantonista mal olhou debaixo do meu braço e já deu seu diagnóstico: Herpes Zolster.
Herpes Zolster, até então eu só ouvira falar de herpes genital ou daquela que se manifesta na região da boca. De fato, eu nem havia percebido, mas na região das axilas e nas minhas costas, apareceram umas feridas que, não coçavam, mas ardiam muito. Parecia que eu estava sendo queimado interna e externamente. O ardor se estendia para todo o tórax, de tal forma, que eu não conseguia encontrar uma posição para dormir.
Fui pesquisar mais sobre a tal Zolster e descobri que tem a ver com o vírus da catapora, que a maioria de nós contraiu ainda na infância. Ele fica ali incubado e, com o passar dos anos, quando passamos dos 50, 60 anos, se manifesta como Herpes Zolster. Detalhe: desde que tenhamos tido algum tipo de estresse e, consequentemente, estejamos com a imunidade baixa. Foi exatamente o que ocorreu comigo. Não é contagioso, diferentemente, dos outros dois primos seus, mas provoca um estrago danado. No corpo e nos bolsos, os remédios para esse tipo de mal custam os olhos da cara.
Descobri também que a Zolster demora, no mínimo umas quatro semanas, para ir embora. Eu, felizmente, estou na última. Outro detalhe importante: existem vacinas, que ajudam na prevenção, mas só agora fui informado disso. A exemplo dos remédios, também são caras, a tal ponto que quase podem ser trocadas por um rim. Algumas previnem por um ano, e custam mais de 500 reais; outras por quatro ou até 10 anos, mas aí estamos falando de 2 mil reais, por baixo.
A conclusão que se chega, para quem não estiver disposto a gastar os tubos e também a fim de ser queimado por dentro e por fora é: deixe a política pra lá, não vale a pena se estressar! É só um conselho jogado ao vento, eu não consigo.
Contando História
O que o tempo altera e vira história
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Bom texto Dorneles, como sempre, mas uma péssima notícia. Espero que tudo esteja bem com você. Torcendo aqui, velhinho… mais do que minha torcida opra seleção! Grande abraço!
Já estou bem, só um ligeiro ardor perto das axilas. Obrigado
Não sabia que tinha cura ou vacina. Ouvi dizer que ela fica incubada e volta de vez em quando. O detalhe interessante é que ela só aparece do lado esquerdo do corpo.
Não é verdade, Zanfra. Tive na parte de cima das costas, dos dois lados. E coçava pra caramba, além da dor horrível nas costas. Fui três vezes ao médico, até que diagnosticassem. Os remédios são mesmo caríssimos e, para meu azar, a “coisa” durou uns seis meses. Dorneles, espero que a sua tenha mesmo curado em quatro semanas e que você consiga manter a tranquilidade, durante a Copa. Não está nada fácil…
O caso de um amigo meu foi pior. Ele passou uns três meses com o rosto torto do lado esquerdo. Imagine a dor
O caso de um amigo meu foi pior. Ele passou uns três meses com o rosto torto do lado esquerdo. Imagine a dor