Há 11 anos, postei esse meme, no Facebook. Mas as curvas da vida me guardavam uma surpresa engraçada e inesperada.
Três anos depois, fui a um sarau do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de São Paulo (Sindsep). Compareci a contragosto, porque não tinha uma opinião muito boa sobre sindicalistas.
Minha filha, Luciane, contrária ao que eu pensava, já era representante sindical dos Agentes de Endemias. E só concordei em ir ao sarau porque ela declamaria um poema de Cora Coralina.
Na mesa ao lado da nossa, conhecia apenas a Paula Leite que, aliás, havia levado a Lu para a vida sindical.
Pois bem: declamação iniciada e terminada e eu, chorando a cântaros! Da mesa ao lado, um barbudo veio me abraçar. Contou que era de Goiás e que esteve muitas vezes com Cora. Também o abracei e chorei no seu ombro.
No dia seguinte, em casa, eu e a Lu tentamos descobrir quem ele era. Revira textos e fotos do evento. Quem procura, acha, dizia meu pai…
Era ele: Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, condenado no Mensalão, recém-libertado da prisão. E eu, até então antipetista roxa, o havia abraçado e chorado no ombro dele!
A vergonha era demais! Imaginem o quê meus amigos coxinhas pensariam!!!
Hoje, não tenho mais vergonha. Contra o inominável e por ter bom senso, votei no PT em 2018 e em 2022. E votarei mais mil vezes, para afastar da política todos que pensam e agem como ele.
Então, o “caso” com o Delúbio passou a ser engraçado e uma lembrança concreta de que a vida nos traz muitas surpresas, porque há curvas (ou esquinas) impensáveis!
Sim, ainda tenho restrições ao PT e a todos os políticos brasileiros. O único que admirei foi o Nion Albernaz, ex-prefeito de Goiânia, e nunca houve nem há ninguém como ele. Nion se foi e a política está cada vez pior. Uma pena! Mas esta é outra história…
(Um parênteses necessário: No caso do Mensalão, Delúbio Soares cumpriu dois anos e três meses, dos seis anos e oito meses da condenação, e, em 2016, recebeu perdão do Supremo Tribunal Federal. Já a condenação por lavagem de dinheiro, de cinco anos, foi anulada em 2023, pelo Superior Tribunal de Justiça, que remeteu o caso para a Justiça Eleitoral.)