A porta do barraco era sem trinco

Não consegui resistir a uma comparação depois de ler na Folha de domingo matéria sobre a alta concentração populacional nas favelas de São Paulo, com dados baseados no Censo de 2022.

Segundo o levantamento, há uma média de 35 mil pessoas por quilômetro quadrado nas 1.357 favelas mapeadas. E sabe qual a densidade demográfica de Florianópolis? É de 796 habitantes por quilômetro quadrado, também segundo o Censo. Ou seja, Floripa tem uma densidade quase 44 vezes menor do que as favelas paulistanas.

Certo que nas favelas a concentração populacional é maior, e por isso a comparação é meio tendenciosa. Mas se pegarmos a densidade no restante da cidade de São Paulo, a coisa muda bastante de figura. São apenas 6,6 mil habitantes por quilômetro quadrado, mais de cinco vezes menor do que a média das favelas, porém mais de oito vezes maior do que a de Floripa.

A média das favelas é no entanto um recorte pouco significativo se formos falar de duas favelas em especial: a de Paraisópolis, no Morumbi (imagem acima, em trabalho feito no Photoshop sobre foto da Folha), onde a densidade chega a 71 mil habitantes por quilômetro quadrado (89 vezes maior que a de Floripa), e a de Castelinho, na Zona Sul, com uma densidade de 145 mil pessoas por quilômetro quadrado (182 vezes maior do a da Ilha da Magia).

No Rio de Janeiro, cujas imagens de morros abarrotados de casas simples correm o mundo, a densidade demográfica é de 25 mil habitantes por quilômetro quadrado.

Paraisópolis tem 58,5 mil habitantes, população mais de três vezes maior do que a do Saco dos Limões, oitavo bairro mais populoso de Florianópolis, com 17,6 mil moradores. Com 42.308 habitantes, o bairro do Centro é o mais populoso da capital catarinense e é apenas 1,38 vezes menor do que a população de Paraisópolis.

A maior favela de Santa Catarina, de acordo com o IBGE, é a comunidade Frei Damião, na cidade de Palhoça, com 7.273 moradores, oito vezes menor do que a população de Paraisópolis.  

Brincar com grandezas não é divertido, mas é uma boa ajuda na prevenção da demência! 

Marco Antonio Zanfra

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