Xixi sentado

Para mim, foi uma decisão por higiene, há alguns anos: os respingos da urina no vaso sanitário acabavam, em um ou dois dias, deixando um cheiro desagradável no banheiro. Por isso, em vez de gastar meu tempo limpando o limpando de novo o vaso, passei a me sentar para fazer xixi.

Apenas nesse banheiro, especificamente, que fica no meu quarto e é o de meu uso todos os dias. Nos demais, mantive a postura de sempre.

E agora descobri que fazer xixi em pé, como noventa e nove por cento dos brasileiros, não é exatamente adequado. Um estudo recente da Universidade de Leiden, na Holanda, concluiu que urinar sentado pode ser benéfico por facilitar o esvaziamento mais rápido e completo da bexiga.

Ou seja, os homens – e eu, nos banheiros que não são o do meu quarto – estão fazendo xixi de maneira errada. Principalmente os mais velhos, que às vezes sofrem com o crescimento da próstata e a consequente obstrução parcial da uretra. Como não tenho mais próstata, estou absolvido em parte por esse pecado, mas nem por isso vou me considerar inteiramente anistiado.

O urologista britânico Gerald Collins afirma que urinar sentado é a melhor maneira de cumprir essa obrigação fisiológica, porque os músculos da pélvis e da coluna ficam completamente relaxados e facilitam o processo.

Mas ele próprio reconhece que existe uma enorme rejeição masculina à ideia de mudar o hábito, a despeito de eventuais benefícios. E isso não apenas em países machistas, como o Brasil.  Uma pesquisa com sete mil homens em 13 países apontou que muitos jamais se sentariam, como uma menininha, para fazer xixi: trinta e três por cento dos britânicos e poloneses, trinta e seis por cento dos mexicanos, trinta por cento dos franceses e italianos.

Em contrapartida, quarenta por cento dos alemães só fazem xixi sentados e vinte e dois por cento sentam-se na maior parte das vezes; para os suecos, as porcentagens correspondentes são vinte e dois e vinte e oito por cento; na Dinamarca, dezenove e vinte e cinco.

O Brasil não entrou na pesquisa. Talvez porque as respostas fossem previsíveis.

Marco Antonio Zanfra

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