Sem barulho, por favor

Dizem por aí, que barulhos altos começam a incomodar mais depois dos 50. Acho que é lenda urbana.

Eu, por exemplo, sempre fui avessa a som alto. Quando meus filhos resolviam ouvir música, num volume insuportável (para mim), entrava no quarto deles e abaixava o som. O problema foi quando, adultos, passaram a morar juntos e, quando ia a São Paulo, eu era só visita. Imaginem pedir para abaixarem o som, durante uma festa ou um churrasco que estavam promovendo? Nem pensar!!! Acabava entrando na bagunça. Era apenas por algumas horas…

Em Palmas, no Tocantins, ainda há muitas casas, com grandes quintais, e poucos prédios, além de praças, avenidas e rotatórias arborizadas. Quando cheguei, há 15 anos, era proibido abrir estabelecimentos comerciais com música ao vivo (bares) no interior das quadras. Hoje, ninguém mais respeita isso, mesmo porque já devem até ter mudado a lei, atendendo a interesses financeiros e/ou políticos dos “donos” da cidade.

Há uns três anos, um bar que havia na quadra começou a crescer, crescer, crescer. Virou restaurante e bar. Antes, apenas à noite, ligavam o som, alto e insuportável, mas baixavam o volume ou desligavam, por volta das 22h30.

Há cerca de um ano ou mais, logo depois do libera geral pós-pandemia, começaram a ligar o som antes do almoço, de segunda a segunda, até depois das 23 horas. Fui lá, falei com o gerente, acionei a prefeitura, reclamei para a ouvidoria municipal. Baixavam o som uma semana e voltavam a aumentar, logo depois.

Durante a Copa, contrataram uma banda. Na verdade, um bando de falsos músicos. Fingiam que tocavam e cantavam, num volume de enlouquecer qualquer um. E tem gente que paga para ouvir!!!

Para alguém notar você, basta marcar o @ da pessoa ou da empresa no Twitter. Só que o tal boteco não tem perfil nessa rede nem em outras. Claro que não me impediu de registrar várias queixas, marcando a prefeita e a Prefeitura, além de mandar e-mails com vídeo para a ouvidoria municipal.

Resultado: resolveram revidar, soltando rojões bem na frente da minha casa. E só ali. Meus pets, desesperados, danificaram a porta da cozinha e a da sala.

A princípio, achei mera coincidência ser na frente de casa e passei a fazer campanha contra fogos de artifício nas redes sociais. Um deputado, solidário, resolveu apresentar projeto de lei, na Assembleia, para impedir a soltura e comercialização de fogos de artifício com estampidos, no Tocantins.

Enquanto a proposta não era aprovada, as explosões continuavam, na frente da minha casa, em dias de jogos, comemorações eleitorais, festas diversas, sempre que o som no bar ficava insuportável. Foi quando percebi: o problema era comigo! Ok. Não conseguia pegar o “meliante”, que fugia logo depois da explosão.

Então, postei no grupo de segurança da quadra, no WhatsApp, que estava à procura da pessoa, já tinha as imagens da câmera da padaria, ia pedir as do escritório de advocacia, da frente de casa, e fizera BO. Sabia que o “recado” chegaria ao bar. Chegou e os rojões pararam, completamente!

E mais uma notícia alvissareira: o deputado conseguiu aprovar a proposta que proíbe a comercialização e a soltura de fogos de estopim. Só falta o governador bolsonarento sancionar…Espero que o faça, já que tem um neto com Síndrome do Espectro Autista, que sofre muito com barulho. Aguardemos…

Célia Bretas Tahan

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