Pão, pão, queijo, queijo

Não sou muito amigo de queijos – como não sou, aliás, muito amigo dos derivados de leite; isso talvez seja consequência de minha longa relação com a bebida – mas acabei revendo meus conceitos quando conheci o de tipo ‘grana padano’ fabricado pela Gran Mestri.

Meu contato com o laticínio aconteceu desde sua fecundação, ou seja, desde que o leite passou pela inoculação do elemento coagulante; em seguida, acompanhei a captura da massa resultante, como se fosse um peixe bravio resgatado das profundezas do soro do leite, e seu encarceramento nos invólucros apropriados, de onde deveria sair no mínimo um ano depois.

Acompanhei o processo quando fiz matéria sobre a Gran Mestri, que fica em Guaraciaba, cidade entre Chapecó e São Miguel do Oeste, extremo oeste de Santa Catarina, quase divisa com a Argentina. Fiquei emocionado quando entrei na sala de maturação dos queijos e desfilei entre prateleiras com mais de duzentas peças de quarenta quilos cada uma.

E ao saborear o queijo… hmmmm… a sensação gustativa acaba com qualquer ojeriza aos laticínios em geral!

Mas por que estou tocando nesse assunto? – devem estar perguntando meus poucos, mas exigentes leitores.

É porque li hoje nos jornais que um PM aposentado lá de Minas tentou pagar com pedaços de queijo a noitada com uma garota de programa. É certo que ele deu de gorjeta um celular Nokia, que deve valer bem menos do que um quilo de queijo canastra, mas o que impressionou foi a opção de moeda que ele usou para quitar o programa.

Vejamos: segundo a notícia, o uso do quarto, com os serviços profissionais, sairia por R$ 200,00. Se ele fosse pagar com o ‘grana padano’ que citei para iniciar esta conversa, ele deveria jogar quase um quilo e meio em cima da coitada, já que referido produto está cotado entre R$ 140,00 e R$ 160,00 o quilo. Se fosse um queijo mais em conta, como um minas meia cura, por exemplo, a moçoila sairia com mais de três quilos numa sacolinha (R$ 65,00 o quilo). Podia até usar o celular para chamar um Uber.

Mas o que uma garota de programa que recebe, incluindo o gasto com o uso da cama, meros R$ 200,00 a cada vez que abre as pernas, iria fazer com tanto queijo? Pedir pagamento em vinhos ao próximo cliente? Abrir uma empresa de degustação? Cada qual no seu quadrado, como se diz por aí!

O mais inusitado de tudo, porém, foi que o dono do hotel – que agencia a prestação de serviço das meninas – aceitou a forma de pagamento, e ficou tudo por isso mesmo.

Se a moda pega, vai ter prostituta mineira recebendo em pães de queijo…

Marco Antonio Zanfra

Um comentário

  1. Zanfra, já lhe contei a história do marido apreciador do cheiro de gorgonzola, que vinha lá dos países baixos. Com certeza, ele não é o único. Essa moda de misturar sabores e odores de queijo pode render muito mais do que isso. Imagine grana padano, roquefort, ementhal, e por ai vai.
    . as essa história

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