Quando uma participante do imorredouro BBB disse que o livro ‘1984’ tinha sido inspirado no programa e isso provocou uma enxurrada de buscas no Google sobre a obra de Orwell, pudemos ter a dimensão exata do público que está sustentando a Globo durante os intermináveis vinte e quatro anos de duração daquela excrescência. Indigentes mentais parece meio genérico, mas não consigo pensar em definição melhor.

A moça ainda pediu o boné e, alegando problemas mentais, deixou a ‘atração’. E os que acreditaram na sandice dela, que desculpa têm?

Por baixo, são quarenta milhões de brasileiros que, por falta do que fazer – e ler, é claro! – perdem parte do dia acompanhando e fofocando sobre a vida de pessoas absolutamente inócuas, desinteressantes e insípidas. Acrescentariam alguma coisa no arcabouço intelectual de alguém, além de sua insuspeita nulidade?

A única justificativa dos brasileiros por manterem por vinte e quatro anos a bandeira do ‘reality’ hasteada é que não somos os únicos. Nos Estados Unidos, por exemplo, o Big Brother sobrevive já há vinte e cinco anos, e é o recordista mundial. Não há complexo de vira-lata que confronte esse número. Mas o que se pode esperar de um povo que é capaz de reconduzir Trump à presidência?

Em termos de Brasil, o BBB já está no ar quase há tanto tempo quanto a Ana Maria Braga – e a qualidade do que ambos apresentam é mera coincidência. Também seria mera coincidência em relação ao conteúdo de outros programas campeões de longevidade da tevê brasileira: Domingo Legal (31 anos), A Praça é Nossa (37 anos) e Raul Gil (51 anos). A única honrosa exceção em termos de positividade é o Roda Viva, que a Cultura sustenta há 38 anos.

No geral – ressalvando novamente o caso do Roda Viva – o tempo de sobrevivência de um programa nas emissoras do país é inversamente proporcional ao exercício de inteligência que ele exige de seu público. Nesse andar da carruagem, o BBB pode bater todos os recordes de permanência em nossas telinhas, porque dificilmente o brasileiro vai gastar seu tempo usando os neurônios. Portanto, não adianta espernear. Faça como eu, prefira um livro.

Marco Antonio Zanfra

Um comentário

  1. Vergonha alheiras, com certeza. Na dúvida, leia “1984”, o livro. Estamos de olho em você!

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