Ora, vírgulas!

Há detalhes na gramática que existem apenas para nos causar problemas ou para jogar um balde de água fria na nossa vontade de escrever. Quer exemplos? Sempre ficamos temerosos ter de escolher os dois ss ou o ç. Ou então o z ou o s… e o x e o ch? Tenha dó!

Sempre ficamos inseguros com o acento agudo… cujo nome parece querer nos furar os olhos. Pior quando alguém pergunta se tal palavra é com “chapeuzinho” ou sem “chapeuzinho”? Talvez seja medo simplesmente de pronunciar o nome desse acento… circunflexo. Para mim circunflexo é alguém introvertido! Fulano de tal é muito circunflexo! Não combina?

E a crase então… quer acento que mais cria problemas do que a crase? Até hoje muita gente ainda não sabe todas as regras da crase que não são poucas! A crase é uma espécie de acento agudo com crises de vaidade e que vive se olhando no espelho. Na língua inglesa não tem essas frescuras de acento e eles se entendem muito bem.

Outro sinalzinho do capeta é a vírgula. É uma pequena ameba gráfica a nos causar disenterias gramaticais. Talvez a grande diferença entre as vírgulas e os pontos esteja na natureza sexual de ambos: as vírgulas são fêmeas e os pontos são machos!

As fêmeas em geral são afetadas e os machos mais decisivos. Isso explica o porquê em frases muito longas e cheias de respiros desnecessários ficamos esperando pelo ponto pra acabar com essa frescura. O ponto apenas dá uma coçada no saco e logo acaba com a questão. Ele contribui para um texto mais conciso e mais confortável de se ler.

As vírgulas não… são indefinidas e não se garantem. Vão aparecendo como inefáveis borboletas umas atrás das outras. Vão levantando voo em questões fúteis. As vírgulas provavelmente têm sérios problemas existenciais. Ou de indefinições etéreas e de frêmitos arrebatados!

Redatores que escrevem períodos quilométricos são coniventes com o mau uso da vírgula. Reconheço que há vírgulas importantes. Não tenho dúvida! Mas sempre é bom livrar-se delas. Basta usar frases curtas e pronto. Porque a maioria das vírgulas é desnecessária. Neste texto não usei uma vírgula sequer. Tenho certeza de que todos entenderam. Ponto!

Aurélio de Oliveira

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