Ninguém fica para trás!

Minha amiga e veterinária, Ana Lúcia, foi morar bem longe de Palmas (TO), uns 2.500 quilômetros. Nem vou falar sobre a falta que sinto dela, ok?

Antes da mudança, a maior preocupação eram os quase 40 pets que havia adotado, ao longo dos muitos anos que viveu e trabalhou no Tocantins.

A história de cada um daria artigos separados. Então, vou falar por alto. Alguns foram levados doentes, para serem sacrificados – mas a Ana os tratou e curou, porque é contra a eutanásia. Outros, com calazar, abandonados e até espancados, chegaram quase mortos. Ela cuidou deles, medicou, venceu a morte e o calazar e os adotou. Tem, ainda, os atropelados ou os que a “abordaram” na rua.

Aqui, vai um parêntese: vocês precisam saber que os gatos adotam os humanos, não o contrário. Quando menos se espera, um deles começa a nos seguir, a roçar nas nossas pernas, a entrar no carro e pronto: ganhou nosso coração e nossa casa!

Como a Ana levaria todos eles? Fácil (nem tanto): contratou uma van, com dois rapazes, colocou os gatos e cachorros menores em caixas de transporte, um tapete para o Vicente – um cão de médio porte – deitar e lá se foram eles… E chegaram bem, alimentados, hidratados e sem estresse, dois dias depois.

Nem todos… Sete ficaram para trás, porque eram mais idosos ou precisavam de cuidados especiais: dois cachorros e cinco gatos. Iam de avião.

Claro que as companhias aéreas não são tão colaborativas nem boas prestadoras de serviço de transporte de pets. Foram muitas as idas ao aeroporto da amiga Luciana, que ficou cuidando deles. Chegava lá, a empresa inventava uma desculpa e, mesmo a passagem já tendo sido paga, não levava nenhum dos pets.

Os cachorros tiveram o privilégio de ir na cabine: a Gorda, depois de emagrecer dois quilos para atingir o peso exigido pela aérea, e o Pitoco. A filha da Ana, Amanda, acabou tendo de vir buscar um deles, porque tinham de viajar com acompanhante.

Quase 90 dias para, finalmente, todos estarem na nova casa. 

Ninguém ficou para trás, porque todos são muito amados…

Daí, vejo alguém postar em rede social que está doando um pet, por “motivo de mudança” (na maior parte das vezes, para um apartamento). Minha vontade é de brigar. Evito, a muito custo…

Só consigo pensar que, quem deixa um pet para trás ou o abandona velho e doente, não terá escrúpulos em abandonar pai ou mãe.

Cada um dá o amor que tem, né? Ou que vai receber no futuro…

Célia Bretas Tahan

2 comentários

  1. Amei, Célia! E, como você, fico bem contrariada quando o povo vem com esse papo de “estou doando por motivo de mudança”. Mudar não é motivo para se desfazer de nosso animal, pois ele é NOSSA responsabilidade.

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