O velho Matias adorava contar histórias, mas tinha um problema: era gago. Isso não impedia de ir todos os domingos à pracinha, esperar alguém sentar-se ao lado, puxar conversa e lhe contar as últimas.
Um dia, aconteceu o inesperado. Cumprimentou o estranho que apareceu, um jovem bem-apessoado, cara inteligente, e esperou a reação. Vejam só que surpresa: o outro começou a gaguejar também.
Nosso amigo logo concluiu o pior: “Você tá… tá caçoando de mim? Tá me imi…me imitando?” Embaraçado, rosto vermelho de vergonha, o jovem tentou falar, mas tropeçou na fala e ficou preso na gagueira. Por fim, conseguiu: “Nao… não… Ju… ju… juro que sou assim mesmo”.
Explicações e desculpas depois, se entenderam e começaram a rir da coincidência. Dois gagos que nunca se viram, se encontrar num banco de pracinha, era quase inacreditável. Depressa, nosso velho amigo tratou de começar.
“Ca…calma”, respondeu. “Tenha pa…pa..ciência. Posso continuar?” O outro fez sim com a cabeça e a história foi em frente.
“Acontece que o mágico tinha cortado o dedo, corte feio, e teve de esconder o ferimento do público”… Nova interrupção: “Mágico que co… corta dedo não po… pode fazer truque com cartas…”
O contador engoliu a irritação, que crescia, e continuou, “Não importa, pois…”, novamente foi interrompido…
“Su… sua história é fu… furada… e anti… tiga. E te… tem mais: você fa… fala errado o portu… português…”, disparou o jovem.
“O quê?”, reagiu indignado o velho Matias. ”Seu… seu…ga…gago…de mer… merd…