Gentlemen in red

Cientistas da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, descobriram que homens vestidos com roupas vermelhas são mais atraentes para as mulheres. Segundo o estudo, a cor vermelha está associada à capacidade de adquirir mais status, de ser mais poderoso, de ter mais potencial para ganhar dinheiro e subir socialmente. Por isso, os homens vestidos com essa cor tornam-se mais desejáveis.


Pois eu, de minha parte, acabei descobrindo nessa tese mais um obstáculo para um eventual desejo de ser alguma coisa na vida: se depender de me vestir de vermelho, continuarei sendo este zero à esquerda com que meus poucos mas diletos leitores já se acostumaram.

Não gosto de vermelho. Não usaria vermelho nem se fosse bombeiro ou jogasse no América carioca. Não gosto de carros vermelhos – a não ser que seja uma Ferrari, mas aí o status independeria da cor – não gosto de tapetes vermelhos, não gosto do sinal vermelho no semáforo. E, ao contrário do que sugere o estudo, não prefiro as damas de vermelho.


Dizem que não é de hoje que o vermelho é símbolo de status. O próprio tapete vermelho é um exemplo disso. Os cidadãos mais poderosos da Roma antiga vestiam-se de vermelho. Até no reino animal essa predominância é sentida: os machos alfa da tribo dos babuínos costumam ter a pelagem mais acentuada nessa cor e por isso são eleitos mais frequentemente para o acasalamento. A cor seria, segundo os pesquisadores, um indicador de dominância.


O efeito da cor é biológico e não necessariamente consciente, mas os pesquisadores descobriram que se limita a status e sexo: os homens vestidos de vermelho cujas fotos foram usadas como referência não pareceram mais bondosos ou sociáveis entre as mulheres pesquisadas. Eles pareceram apenas mais poderosos, atraentes e sexualmente desejáveis.


Mas e eu com isso? Em sentido contrário do que apontou o trabalho da Universidade de Rochester, o vermelho produz em mim alguns efeitos negativos, em determinadas circunstâncias. No geral, não costumo associar o vermelho a coisas boas. Talvez seja apenas uma forma inconsciente de lutar contra um símbolo do poder, mas pode ser também que para mim a essência do mal está associada ao vermelho: o diabo, o fogo destruidor, o alerta máximo em caso de catástrofe, o sangue fora de suas vias naturais de circulação.

O vermelho, para mim, está definitivamente associado a desgraças. Por isso, se for necessário usar vermelho para parecer mais poderoso e para abrir caminho entre as mulheres, estou fora! Prefiro assumir o que cantava o velho e injustiçado Simonal: Vesti azul/Minha sorte então mudou…
Porque azul, aliás, é uma de minhas cores preferidas.

Marco Antonio Zanfra

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