Gatos não são animais comuns. Não são animais caseiros. Não são bichinhos de estimação. Não são bibelôs ou objetos de exposição. Gatos são entidades!
Você não tem um gato. Ele é que tem você! Porque gatos, mais do que gatos, são entidades exigentes!
Para se ter um cão em casa, por exemplo, basta escolher um e ele o aceitará de maneira incondicional e o seguirá para sempre com fidelidade canina.
Mas com gatos não podemos falar em fidelidade felina . Porque ela não existe. Gatos, com seu andar aveludado, gestos delicados e olhar agudo são, sim, exigentes. Exigem a sua fidelidade, seu amor e seu carinho, além da ração. Se pudessem pediriam o seu currículo e seus antecedentes.
Eles sim têm um currículo respeitável. Já eram divindades desde 4 mil anos a.C. no antigo Egito onde, quem matasse um gato, pagaria com a própria vida. O gato aqui de casa, Abokin, de vez em quando me lança uns olhares esquisitos como que a me lembrar dessa antiga lei.
Com um andar cheio de nuances misteriosas e com trejeitos sensuais, os gatos são referência absoluta quando o assunto é sedução. Mulheres bonitas são gatas, homens bonitos são gatos. Eu sou um bom exemplo, já que sou o homem mais bonito aqui em casa. Se comentar que moro sozinho, vai ter briga!
Interessante observar a relação que há entre gatos e escritores. Paulo Francis, Lygia Fagundes Telles, Aguinaldo Silva, T. S. Eliot, Machado de Assis e tantos outros… todos tinham gatos. Há uma boa explicação para isso. Gatos são silenciosos. Não interrompem. Não atrapalham… quer dizer, vez ou outra o Abokin aqui em casa decide me ajudar a corrigir provas e trabalhos.
Quando andam não deixam pegadas. A não ser em nossos corações!
Para ilustrar este texto seguem alguns cliques que fiz dessas entidades, além de uma incrível ilustração do meu bom amigo Cláudio Attílio.
Conheci o gato de Lygia quando a entrevistei, em 1985. Ele investiu contra mim três vezes, dando cabeçadas nas minhas pernas! Acho que ele sentiu que eu não gostava muito de gatos!
Então a recíproca foi verdadeira! rsrsrsrsrs