“A vítima relatou que estava fazendo compras quando sua antiga mãe de santo, por não aceitar a saída dela do terreiro, começou a agredi-la acompanhada de outras pessoas”.
O grifo, ou o negrito, é meu. Foi a forma de acentuar o que parece ser uma síndrome do ex-alguma coisa, de alguém que não aceita uma separação e expressa esse inconformismo com violência. Isso vem acontecendo com frequência cada vez maior, como se o sentimento de posse estivesse perdendo a vergonha de se manifestar.
Antes, era uma atitude típica masculina: o homem, que não aceitava ser largado pela mulher, aquela ingrata, metia-lhe porrada ou um atropelamento… Ou, em casos mais extremos – e infelizmente cada vez mais comuns – enchia de chumbo aquele coraçãozinho pérfido.
Houve um tempo, acreditem, que isso podia ser considerado legítima defesa da honra, e o marido ultrajado saía livre e ainda candidato ao estrelato, depois de matar a mulher.
Esse parágrafo que abre o texto é real, parte de uma reportagem sobre uma briga generalizada no estacionamento de um atacadista de Mongaguá, litoral Sul de São Paulo, que deixou dez pessoas feridas. Brigas generalizadas podem acontecer em qualquer lugar, por causa de uma partida de futebol, ou em consequência de polarização política. Já vi até ocorrer durante um casamento.
Mas por ciúme, pela necessidade possessiva de reverter um rompimento – que nem amoroso é – é a primeira vez. Normalmente, essas manifestações violentas que têm relação com relacionamentos maritais incluem apenas as pessoas diretamente envolvidas, como mulher, ex-marido e eventualmente filhos. Quando atrai multidão, é assunto para virar notícia.
A grande dúvida é: por que a saída de alguém de um simples terreiro de umbanda provocaria tanto drama?