Já vivi muitas vidas numa vida só. Corri atrás do passado. Vi o futuro avistar minha porta. Um dia o novo vai vingar. Sou pronto. A vida provocou tal situação. Não posso duvidar.
Procuro o sol. Caio na água quando não posso nadar. Uso máscara, mas vou tirar quando a Covid passar. Sigo caminhos tortuosos no barro, na lama, na cama.
Ganho força olhando a chuva, suas gotas frias. Vou achar o tal sigiloso, o oculto. O sumido.
Não paro. Ando rápido. Marco o passo no rastro da praia, no caminho do mato. Nas trilhas da vida. Sinto a dor rasgar, o crânio avolumar.
Não paro. Suspiro. Tomo ar, olho para cima. Vou atrás do infinito. Para o alto. Para baixo. O sumido vou achar.
No início, ficávamos trancados assistindo TV, shows. Distração gravada ou ao vivo. Falar com os amigos virtuais. Usar todos os aplicativos. Uma farra. Nada do sumido.
Após 240 dias na autopunição, afastados um do outro, o povo cansou. Voltaram a lotar praias, formar turmas por aí. Ufa!
Basta. Ainda assim, nada satisfaz. Qual a próxima parada? Achar o sumido.
Discutir. Formar grupos, procurar uma saída para nossa situação. Agora, cada um no quadrado apropriado. Uma busca informal ou formal.
Usar os atributos naturais nos humanos. Nos unirmos para buscar o rumo da vitória. Quiçá cultura, fortuna. Participar da criação salvadora da pátria, da casa, do ganha pão. Vamos lá. Vamos nos incluir nas tribos, tal qual somos com cara, coragem. Busco o sumido. Busca unida com todos os grupos unidos.
Vamos juntos na busca. Só assim, vamos achar a solução para “O Sumiço”.
OBS: Texto escrito sem palavras que contenham a letra E, como fez o escritor francês Georges Perec em “O Sumiço“, lançado em 1969, todo sem a letra E. O Sumiço também é o tema do livro, contando o desaparecimento dessa letra E. No texto acima, A procura do sumido, a intenção é iniciar a busca pela letra E sumida. Quem topar, pode ajudar.
Bacana, Nereu. Vc conseguiu, só escaparam dois “es”, em “apresso o passo” e “coragem”. Mas foi muito bem!!!