A natureza é mãe mesmo

A vida sempre se renova. Nem sempre, no entanto, prestamos atenção ao que está nascendo e crescendo na natureza.

Parece tão natural, corriqueiro, que não valorizamos coisas tão marcantes quanto o verdejar de uma árvore antes seca, sem folhas e com os galhos caídos. Aquela madeira retorcida fica ali, num canto, sem destaque, sem chamar a atenção. Quase sem vida.

De repente, a árvore explode em frutos e nos lembram que um ano já se passou desde a última florada.

Ela continuava ali, do outro lado da rua. Todo dia, ao sair para caminhar, atravessa o portão e lá estava a árvore, do outro lado da rua, abandonada ao seu próprio destino.

Um ano atrás, notei essa mesma árvore abandonada numa calçada tomada pelo mato. O proprietário do imóvel ao lado da calçada mandou cortar o mato, mas deixou a árvore seca quase invadindo a rua com seus galhos tortos. Parecia uma árvore sem vida, sem futuro.

Pensei que essa árvore poderia ser, então, também cortada com as demais ervas daninhas.

Chegou a Primavera e ela renasceu. Do nada. Sem chuva, sem poda, sem adubo. Nenhum cuidado.

Só o olhar da mãe natureza.

Se eu deixo de molhar ou adubar minhas árvores frutíferas, elas definham. Morrem. Na rua, abandonadas, resplandecem.

A amoreira, do outro lado da rua, que eu vejo florescer e frutificar pelo segundo ano seguido, produz amoras pequenas, porém bem doces, quando pretinhas e maduras.

Agora, com o início da Primavera, descobri outra amoreira no final da rua de baixo, perto do rio, que é um espanto. Enorme, com suas folhas largas, verdes e viçosas. Mesmo radiante, não mostrava seus encantos especiais.

Quando eu e minha mulher chegamos mais perto e tocamos nas folhas para sentir sua sedosidade, ela, a árvore, revelou seus mais recônditos segredos. Frutos gigantes, maliciosamente guardados por trás das folhas. A amora nasce nos galhos, exatamente atrás das folhas que as protegem do sol e dos predadores.

Grande parte dos frutos abundantes, os pássaros comem. Outra parte vai para o rio Paraíba do Sul, que corta a cidade de Guararema, alimentar os peixes.

Outra parte foi para meus potes de geleia.

Nereu Leme

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