À espera da viagem

Minha amiga, veterinária dos seus pets, muda de cidade. Protetora de animais, embarcou 25 numa van. Sete – cinco gatos – e dois cachorros ficaram comigo. Juntando com os meus, são 12 no total. Cada um tem sua particularidade e suas necessidades. Tento aprender todas elas, enquanto aguardo a mudança deles para outra cidade.

A cachorra, não por acaso chamada de Gorda, costuma atacar outros peludos latidores. O meu Sam, que já apanha da irmã, Emma, é a vítima escolhida. A Gorda se dá muito bem com o Pituco, da mesma casa e raça que ela, Pug, acho, embora menor. Observando, percebo que as agressões ocorrem na hora que os meus dogs “se atrevem” a comer nas vasilhas deles. Só um parêntese: odeio pets presos!!! Mas tive de prender a Gorda com a coleira, na hora de comer. Mantenho assim, por umas duas horas, duas vezes ao dia. Comeu, comeu; não comeu, espere até amanhã.

A vantagem é que o Pituco, fofo demais, circula na boa e se alimenta em qualquer vasilha, sem ninguém implicar com ele. Acho que tem charme em excesso… A filha da veterinária terá de vir a Palmas, para levar os dogs na cabine, pela Azul. Quando? Ainda não se sabe… Seria depois de 10 de fevereiro, quando a Azul aumentar o peso de pets de sete para 10 quilos. Estamos em fevereiro, mas, até agora, nenhuma posição concreta sobre data e horário.

Os gatos? Infelizmente, ficam o dia todo presos, em caixas de transporte. Aguardam o embarque aéreo. Tudo depende da boa vontade da Gol, única companhia que oferece o serviço em Palmas, no Tocantins. Há uma semana, a empresa alega não ter vaga…

Dois gatos – um meu e um da veterinária – estavam tomando antibiótico injetável. É, tive de aprender, porque minha amiga não estaria aqui, durante o tratamento deles. Com o Granola, frágil por causa de muitas deficiências, foi mais “fácil’: só reclamou da dor, depois da aplicação. Só me mordeu, na hora que apliquei o suplemente alimentar, direto na boca.

Já com a minha Athena, brava até, apanhei demais e estou unhada no braço inteiro. O primeiro desafio foi prendê-la na caixa de transporte; o segundo, segurar no cangote dela e aplicar a injeção, antes que conseguisse fugir. Cara, a veterinária faz isso com tanta facilidade! No último dia, esqueci de apertar a agulha na seringa. Veio o arranca rabo e a Athena escapou, com a agulha pendurada no cangote. Ela se alojou embaixo da cama e não saia nem a pau! Numa das minhas muitas idas ao quarto, finalmente, o alívio: a agulha caída no caminho, ainda estava inteira. Ufa! O lado ruim é que precisei aplicar o antibiótico mais um dia.

Tem ainda os dois gatos velhinhos: Mustafá e Feline. Não gostam da caixa suja e, quando fazem as necessidades, miam até eu ir limpar. Descobri o motivo da gritaria, no segundo dia, depois de passar uma noite inteira sem dormir. A causa foi o barulho.

Já a Eva, quase ficou largada em Palmas, porque ninguém conseguia pegá-la. Na véspera da mudança, finalmente, a prenderam. É outra que reclamava muito. Acredito que por estar presa. Não me deixou tirá-la da caixa de transporte nem na hora da limpeza. A sorte é que não me morde nem me arranha, quando tenho de empurrá-la de um lado para outro. Por mais estranho que pareça, sempre pede e gosta de carinho.

Um que não dá trabalho é o Tesouro. Claro que, nos dois primeiros dias, chorou muito, talvez por sentir falta da humana de estimação. Acho que acabou se acostumando ou percebendo que, naquele momento, era inevitável.

Ter mais sete seres vivos e indefesos para cuidar acabou distraindo minha atenção e me dando tranquilidade para resolver problemas que me afligiam naqueles dias.

Que viajem em paz, sem sofrimento! E voltem a viver fora de gaiolas, como antes.

Célia Bretas Tahan

Um comentário

  1. Que santa paciência a sua, Célia! Eu, com um gato que passa a maior parte do tempo a me ignorar e um cachorro que acha que a gente está à disposição dele para brincar, estou quase doido!

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