Os japoneses têm um jeito todo próprio de pronunciar palavras estrangeiras, especialmente as que são compostas por sílabas contendo consoantes mudas.
Meu nome, por exemplo, quando trabalhei por lá, era pronunciado como Máruco-san ou Zânfura-san. Outro exemplo dessa fonética própria é a lanchonete McDonalds, que lá é conhecida como macudonárudo! A palavra namorado – embora a língua japonesa possua o vocábulo próprio coibitô – tornou-se boifurêndo, derivado do inglês boyfriend.
E as lojas de conveniência, então, todas como nomes em inglês? Family Mart era pronunciada como famirimáruto; Circle K virou sacurukê; Lawson transformou-se em rôson (com o R brando); e a Seven-Eleven, a maior, delas tornou-se sêbu-erêbu, como está no título.
Lembrei-me dessa particularidade da pronúncia, principalmente no caso das lojas, depois de ler matéria na Folha sobre o excesso de trabalho e a queda nas vendas que estão castigando os franqueados das redes.
O excesso de trabalho é consequência do envelhecimento da população e dos baixos salários pagos a eventuais funcionários: os franqueados alegam que as matrizes cobram royalties muito elevados, o que os obriga a comprimirem os salários, para sobreviver. Com a falta de trabalhadores, gerentes e até proprietários têm de dobrar e às vezes triplicar sua jornada para manter a loja aberta. Já teve até caso de suicídio de alguém que não suportou tanta carga.
As lojas de conveniência funcionam todos os dias, o dia todo. Já estive comprando oniguíri de madrugada numa Lawson em frente de casa. São impecáveis, limpas, organizadas, atendimento vip. E estão em todos os lugares: acho que só perdem em ubiquidade para as máquinas automáticas de venda e para as lojas de pachinko, minicassinos com máquinas caça-níqueis. De resto, você sempre vai encontrar uma loja aberta a menos de um quilômetro de onde estiver.
É nessas conveniências que você vai encontrar os bentôs, pratos prontos que cansei de ajudar a produzir – para a Seven-Eleven – durante os seis meses finais e mais cansativos de minha jornada laborativa no Japão. Você escolhe o prato e na própria loja tem um micro-ondas para esquentá-lo. Não sei como anda agora a produção e o consumo dos bentôs, já que essa crise toda pode ter afetado o que, na minha época, era o carro-chefe das lojas de conveniência.




