Se é que você me entende…

Esta foi notícia na TV…

A moça liga para o telefone de emergência da Polícia Militar:

– Eu queria encomendar uma tigela de açaí…

– Moça, você ligou para o cento e noventa!

– Eu sei!

– ?!

Não avalio quanto tempo demorou, mas o atendente do outro lado da linha acabou compreendendo que a moça não queria realmente que ele fosse atrás de uma tigela de açaí e a entregasse em sua casa: ela estava falando em código, porque, obviamente, não podia dizer que o marido a estava enchendo de porrada, porque o marido, ao lado dela e ouvindo a conversa, a encheria mais de porrada ainda!

Ela simplesmente pensou numa forma inusitada de se comunicar, de chamar a atenção sem que o marido soubesse que ela estava tentando chamar a atenção. Ela poderia tentar o Código Morse, o alfabeto Klingon, ou o aramaico… mas, como nem todo mundo conhece essas opções, a solução é criar códigos para enfrentar as agruras do dia a dia. Já teve gente pedindo socorro contra o assédio sexual do patrão num guardanapo do serviço de delivery!

O problema é que a imprensa – essa danada – divulga sem pudores esse tipo de comportamento até então inusitado, o que consequentemente faz com que ele deixe de ser inusitado. Vai a mocinha agora pedir açaí pelo cento e noventa para ver se o marido não descobre sua intenção e… cataplof no meio da orelha!

Por isso, minha ideia é sugerir alguns ‘códigos secretos’ opcionais, mas bastante compreensíveis, para que a polícia entenda que tudo vai mal do outro lado da linha. As possibilidades são variadas. Eis algumas:

– Alô! Tenho uma festa para ir e estou precisando da opinião de um personal stylist: que tipo de brinco combina com um olho roxo?

– Boa noite! Queria pedir uma pizza de calabresa, mas sem cebolas e azeitonas. As cebolas me fazem chorar, racham meus lábios e me provocam dores na boca do estômago, além de hematomas nos pulsos; as azeitonas meu marido as guarda na gaveta do criado-mudo!

– Boa tarde! Por gentileza, vocês por acaso teriam band-aid para fratura exposta?

– Oi, boa noite! Eu queria pedir uma salada de frutas, mas que não tivesse manga. Nem gola, aliás. Se tiver um corte mais ou menos profundo na altura do ombro, melhor ainda…

Repare que são apenas leves sugestões. A criatividade das vítimas promete muitas outras alternativas. Se a cabeça falhar na hora, ainda resta pedir uma tigela de açaí e torcer para que a encomenda chegue rápido!

Marco Antonio Zanfra

Um comentário

  1. Como será que as mulheres e meninas do Afeganistão vão pedir socorro? Lá, não tem 190…

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