Que mundo é esse?

Parado! Completamente estático. O mundo lá fora não se mexe. Olhando pela janela, a paisagem exterior parece um quadro. Ou um holograma programado para essa hora do dia. Fim de tarde.
Sem vento, nem as árvores balançam.
Dentro das paredes de concreto, a casa parece um universo autônomo, independente e totalmente desgarrado da utopia exterior.
A caixa de concreto fechada no meio do nada constrói sua própria existência.
Dentro, só o relógio se move, mostrando que o tempo passa.
Aos poucos, devagarinho, o dia lá fora vai escurecendo. A tarde cai como se alguém diminuísse a luz do Sol para garantir a continuidade da narrativa.
Procuro ficar parado, sem me mexer, para observar o mundo lá fora inerte como eu.
De repente, um passarinho passa voando. Rapidamente desaparece do quadro. Não dá tempo de saber se é real ou ilusório porque o resto do mundo lá fora continua parado.
Mas, aqui dentro, o relógio, que marca o tempo, continua rodando. Já é noite.

Nereu Leme

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