A neblina desaba feito uma bola de ferro envolvedo tudo ao redor com seus grilhões que aprisionam, imobilizam a vítima com tentáculos, torcem e espremem a paisagem e dominam o ambiente com visibilidade restrita e indefinida como um gigantesco balão apagado que não queima, mas cai no meio das árvores se rasgando todo e deixando seus pedaços como marcas de destruição pelo caminho até se chocarem com o chão de relvas, doces torrões invasores do natural mancomunados com as pragas que infestam os seres ávidos por desabrocharem sob um manto acinzentado de frio e de torpor constritor da avalanche de prótons impertinentes tentando neutralizar o inevitável.
E, faz frio.
Nereu Leme