O prezado leitor sabe quem é Ivanilton de Souza Lima?
Não o culpo se não souber. Eu também não sabia até recentemente, quando vi uma postagem no Instagram – após a morte do sertanejo Chrystian (José Pereira da Silva Neto) – indicando os cantores que, como o falecido, haviam gravado em inglês, com pseudônimos, em certa fase da carreira.
Descobri, por exemplo, que Mark Davis era Fábio Júnior (Fábio Corrêa Ayrosa Galvão); Tony Stevens era o já falecido Jessé (Jessé Florentino Santos); e o citado Ivanilton era – ou ainda é, já que continua assinando músicas com o heterônimo – Michael Sullivan.
Satisfeita a curiosidade, que nem sei se despertei, esclareço que encontrar uma informação como essa não faz parte de minhas prioridades, mas não me furto de às vezes fuçar na Wiki. Sabe como é, nomes pomposos de artistas quase sempre são apenas fantasia.
Por exemplo, que majestade teria Lima Duarte na carreira se seu nome fosse Ariclenes Venâncio Martins?
Ou: que espécie de emergência climática Antônio Viana Gomes provocaria se não se chamasse Tony Tornado? Maria Odete Brito de Miranda seria menos rebolativa que Gretchen? Ou: que píncaros do estrelato alçaria Nilcedes Soares de Magalhães se não optasse por ser conhecida como Glória Menezes? Capaz de Tarcísio Meira (Tarcísio Pereira de Magalhães Sobrinho) sequer se interessar por ela!
A propósito: o Nilcedes da Glória é a junção do nome do pai Nilo e da mãe Mercedes.
Já que citamos Chrystian, do lado dos sertanejos o buraco é bem mais embaixo: Leonardo é na verdade Emival Eterno da Costa; Zezé di Camargo & Luciano são Mirosmar José de Camargo e Welson David de Camargo; Bruno & Marrone são Vinícius Félix de Miranda e José Roberto Ferreira. Ainda na música, Anitta é Larissa de Macedo Machado e Glória Groove é Daniel Garcia Felicione Napoleão.
Na ala dos falsos estrangeiros, que lotaram trilhas sonoras de novelas da Globo, temos o Morris Albert de Maurício Alberto Kaisermann, o Don Elliot de Ralf Richardson da Silva (irmão de Chrystian), o Steve McLean de Hélio Eduardo da Costa Manso, o Richard Young de Ricardo Fegalli (depois, integrante do Roupa Nova), o Paul Denver de Carlos Alberto de Souza, o Pete Dunaway, de Otávio Augusto Fernandes Cardoso, e o Dave Maclean, de José Carlos Gonzales.
De todos eles, só um tinha nome originalmente em inglês: Thomas William Standen (o pai era neto de ingleses). Mas preferiu partir para o pseudônimo artístico como Terry Winter.
Claro que todos tiveram suas razões para fantasiar os nomes. E tinham um precedente ilustre e iluminado: Fernando Pessoa, logicamente por motivações outras, também usava os nomes de Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis.
Eu, se a mim coubesse decidir, gostaria que meu nome fosse Alceu… porque, sempre que fosse apresentado a alguém, simplesmente diria: “Alceu dispor!”. Facilitaria pra caramba…
No meu caso, o Manoel, tudo bem, foi uma escolha de minha mãe. Acho que o prenome Dorneles foi escolhido pelos dois. Muita gente pergunta se tenho parentes no Sul. Era época do Getúlio democrata, chamado entao de “pai dos pobres”. Ele criou uma série de benefícios em favor do trabalhador. Fiquei Manoel Dorneles Rodrigues, o pai do Getúlio era Manoel Dorneles Vargas