Noé e os dinos

Descobri depois de velho que os dinossauros desapareceram da face da terra por um simples problema de logística. Isso que ensinaram para a gente, sobre terem sido atingidos por meteoros, é pura balela evolucionista. O que matou os dinos foi um erro de cálculo.

Fiquei sabendo disso ao ler um livro de Biologia de um colégio adventista. Num trecho em que aborda os répteis, o livro ensina: “Já existiram répteis gigantes, como os dinossauros, mas foram extintos por ocasião do Dilúvio.”

Ou seja, morreram todos afogados. Mas isso não teria acontecido se Noé estivesse mais interessado em praticar seus rudimentos de engenharia ao construir a Arca do que em passar à posteridade como inventor de uma bebida alcoólica saborosíssima, que os mortais conhecem hoje como vinho.

(Já conheci muito profissional talentoso cuja carreira sucumbiu aos devaneios alcoólicos. Noé não foi um deles. Mas os dinossauros, sim).

Raciocinem comigo: se a Arca tinha apenas trezentos côvados de comprimento (cento e noventa e oito metros, segunda a tabela de medidas da Bíblia), como acomodar, por exemplo, um casal de Patagotitan (quarenta metros cada um) e um casal de Dreadnoughtus (vinte metros cada um) e sobrar espaço para outros bichos?

Mesmo que os dois casais ficassem estáticos durante os quarenta dias do Dilúvio, ocupariam quase metade da Arca. Impraticável, pois. A embarcação teria de ser no mínimo três vezes maior.

Melhor então deixar que se afogassem, mesmo porque, se isso não acontcesse, a explicação de que eles foram extintos por um asteroide de dez quilômetros de extensão só funcionaria se os bichos estivessem reunidos num espaço confinado, cumprindo um objetivo comum – como, por exemplo, reivindicando intervenção militar intergaláctica na Terra.

Mas, sem fugir do assunto, li esses dias sobre a ameaça de extinção, até o final deste século, de quase um quinto da população de vertebrados do planeta. Não, não teremos outro Dilúvio (com outra Arca subdimensionada) ou outro asteroide com impacto equivalente a cem trilhões de toneladas de dinamite. O problema parece mais real: a alta da emissão de gases estufa será responsável pelo fim de algumas espécies e, com a desregulagem da cadeia alimentar, produzirá o fim de outras. Simples e letal.

O problema é que, desta vez, para salvar parte das populações, Noé não iria resolver, mesmo se fizesse melhor seus cálculos: a Arca teria de ser interplanetária.

Marco Antonio Zanfra

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *