O homem é um ser mentiroso em potencial. E mente ainda mais quando o assunto é saúde. Falemos aqui, especificamente, das mentiras que os homens contam quando se veem obrigados a fazer um relatório da própria saúde, diante de um médico.
Dizem que o homem só vai ao médico quando a mulher manda – em alguns casos, só com ameaça de divórcio – mas, mesmo cedendo ao apelo para cuidar-se, acaba mascarando sua realidade orgânica, talvez por medo de submeter-se a exames mais detalhados e, até – talvez principalmente – invasivos.
Uma pesquisa informal feita por médicos do Hospital 9 de Julho, em São Paulo, estimou que pelo menos um terço dos pacientes masculinos mente. Mente sobre sua rotina sexual, sobre a alimentação, sobre o sedentarismo, sobre o tabagismo e, principalmente, sobre qualquer assunto que se refira à próstata.
Teoricamente, pelo que contam, todos os homens têm um comportamento saudável: consideram as idas eventuais à padaria da esquina como ‘caminhadas diárias’, não fumam ou bebem além dos parâmetros considerados moderados por sabe-se lá que tabelas, e evitam consumir gorduras, café e açúcar além do recomendado por, também, sabe-se lá que tipo de entidade médica. “Muitas vezes o paciente conta uma história, mas o exame físico não bate com ela”, revelou um dos pesquisadores.
Uma das mentiras mais comuns, segundo a pesquisa, não é uma mentira, mas uma omissão: os homens evitam queixar-se de desconforto na região da próstata, mesmo que o crescimento anormal da glândula esteja apresentando consequências desagradáveis à rotina urinária.
O medo é justificável: se ele abrir o jogo, ainda que com parcimônia, o médico vai perguntar mais, cutucar aqui e ali e, de repente, o coitado do paciente já estará a um passo do toque retal, ainda considerado um tabu pela maioria. Pois é.
De minha parte, gostaria de lembrar aos corajosos companheiros que o câncer de próstata mata e que não há desconforto ou machismo que justifique o risco de detectar a doença tardiamente. A propósito disso, gosto de lembrar que, após regulares exames anuais, descobri um tumor ainda insipiente em 2017 e, após prostatectomia radical, livrei-me do mal, amém.
Acompanho agora meu PSA semestralmente e ele está tangenciando o zero. Isso quer dizer que, se eu morrer amanhã, serei um morto com saúde prostática invejável.
Por isso, vou ao proctologista toda semana. E ainda levo flores.
Brincadeirinha. A minha, apesar da hiperpladia natural da idade, está ok, graças a Deus. Agora só volto lá em janeiro
Proctologista cuida de hemorroida, Dorneles; próstata é com urologista.