O desafio que o editor do blog nos fez é escrevermos sem vírgulas. E eu adoro vírgulas! Meu filho costuma dizer que as uso sem necessidade. Uso como aprendi: correta e abundantemente. .
O Zanfra aboliu as vírgulas e escreveu um texto que pode ser entendido sem elas. Eu prefiro tentar algo que não precise delas: frases curtas são a melhor saída.
Vamos lá.
Pensei em contar algo sobre o Erasmo Dias. O coronel invadiu a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Foi em 22 de setembro de 1977. Jovens de todo o Brasil queriam refundar a União Nacional dos Estudantes (UNE). O coronel era secretário de Segurança Pública de São Paulo e não pretendia permitir.
Erasmo Dias cercou diversas universidades. O objetivo era impedir os estudantes de chegarem à PUC. Três mil policiais Invadiram o local e acabaram com a concentração. Erasmo Dias revistou e deteve estudantes. Quase 100 foram levados ao terrível Departamento de Ordem Política e Social – DEOPS e cerca de 30 acabaram fichados.
Mas a UNE já tinha sido refundada e a operação repercutiu muto mal. Nem assim afetou a boa aceitação de Erasmo Dias pelo governador Paulo Agidio Martins e pelo público.
A ditadura impedia notícias negativas sobre os governadores indicados pelo presidente Ernesto Geisel. Geisel até queria acabar com a ditadura. Só que os generais pretendiam continuar no governo.
Erasmo Dias era coronel do Exército. Amante da ditadura. Fez parte do movimento para depor João Goulart. Perseguiu Lamarca e o deixou escapar. O povo estava iludido. Achava que a ditadura era uma maravilha. Quase 500 mortos e desaparecidos? É pouco! Deveriam matar mais. Estavam iludidos. Olhos vendados. Bocas e imprensa caladas.
Nada mais justo que eleger Erasmo Dias como deputado estadual. Por três vezes! Encerrou a carreira política como vereador em São Paulo. Foi em 2004. O gabinete dele era ao lado daquele onde eu trabalhava e eu o via sempre. Nunca perdeu o jeito tosco de falar e de agir. Nem o preconceito contra as mulheres (fiz treinamento para usar arma na empresa de segurança dele e sei bem como era).
Fico pensando se o genocída vagabundo é uma cópia do Erasmo Dias. Piorada. Erasmo chegou a coronel. O genocida não passou do posto de capitão (capetão?)
Por que lembrei o invasor da PUC? Porque as pessoas com menos de 40 anos não o conhecem. Uma falha na Educação brasileira: não contam aos estudantes nem como nem quem eram os militares que participaram da ditadura e das torturas.
Posso contar sobre o DEOPS e o DOI-CODI. Mas o relato do horror nunca será tão forte como o próprio horror. Vale para ensinar os jovens o quanto o País sofreu e o porquê de precisarmos de um presidente que defenda e preserve a Democracia.
Que o coronel Erasmo Dias descanse em paz! Ditadura Nunca Mais!
Tomara o genocida receba a punição correta pelos seus muitos crimes e pelas mortes que causou. Que nenhuma anistia o livre do mal. Amém!
Foto: Memorial da Democracia