Muita gente ficou surpresa quando o deputadozinho, ora homiziado nos Estados Unidos, usou as redes sociais para mandar um sonoro VTNC a um certo ex-presidente, que por acaso é seu pai. Eu não. Na qualidade de CEO da Solavia (So Lavanko Viagens Aleatórias), entendo que cada um pode ir ou mandar alguém para onde quiser. Claro, desde que com o devido respeito, e que pague a passagem. Não sei se o ilustre progenitor já atendeu o pedido do seu rebento; caso esteja na dúvida, a Solavia sentir-se-á muito honrada em lhe prestar a assistência necessária.
Não com a mesma competência do mestre Aurélio do “Arraiá”, que costuma frequentar as páginas deste blog, gostaria de tecer algumas considerações sobre outros locais, mais ou menos improváveis e aprazíveis. VTNC, como é sabido, é limítrofe de VSF. Pacotes para esses destinos e muitos outros estão disponíveis em nosso site ou em nossas lojas físicas a preços bem módicos. Detalhe, acessíveis a todos os gêneros e idades.
Pesquisas recentes indicam que a procura por esses dois destinos cresce a cada ano. Alguns podem apreciar um tanto mais, outros um tanto menos. Vai quem quer. Vai de gosto. O serviço fica completo quando o viajante mais entusiasmado pede para dar uma passadinha na “Casa do Baralho”. Não custa um centavo a mais.
Não faz muito tempo, o pessoal fazia fila na porta da agência para mandar alguém pra PQP. O entusiasmo arrefeceu nos últimos anos, mas ainda é um destino que faz sucesso. Todo mundo tem ou conhece alguém, que gostaria de mandar à PQP. Não o faz, muitas vezes, por falta de conhecimento ou oportunidade. Com os serviços oferecidos pela Solavia, ninguém passa vontade.
Temos pacotes também para a Casa da Mãe Joana, mas nem sempre estão disponíveis, devido as altercações interpessoais. A turma de lá não se entende muito, vive um eterno conflito. Funciona mais ou menos assim: quando tem m… não tem lata e quando sobra lata falta m….
Outro destino muito procurado, hoje em dia, e também bastante problemático, é Onde o Vento Faz a Curva. Como eu digo sempre aos meus clientes: estamos sujeitos a ventanias, chuvas e trovoadas. Depois que o eixo da Terra deu uma ligeira inclinada e os polos magnéticos se inverteram, o vento deixou de ser linear. O que ventava lá nem sempre é o mesmo que ventava aqui.
Dia desses fui procurado por um casal. Ele queria porque queria mandar a esposa “defecar no mato”. Expliquei que vivemos tempos complicados, em cidades cada vez mais verticalizadas, onde o mato praticamente inexiste. O máximo que poderíamos arrumar é passagem para uma moita, mas aí já é um o risco de alguém filmar e jogar nas redes sociais, o que não seria adequado à reputação de nenhum dos dois.
Mas os campeões de vendas em nossa agência continuam sendo o Beleléu e as Cucuias. Vira e mexe, chega alguém em busca de pacotes ou com histórias de suas passagens por esses locais, segundo dizem, muito aprazíveis. É uma viagem cara. Beleléu não é muito distante das Cucuias, mas ainda assim é longe pra dedéu.
O mesmo pode-se dizer de “Onde o Judas perdeu as botas”. Muita gente vai para lá, mas é difícil estimar onde fica isso. Para começar, o nome do local soa muito inadequado. O pobre do Judas nem botas tinha. Ainda não existiam Havaianas e ele usava, quando muito, uma sandalinha surrada, do tipo alpercatas, de couro de cabra.
Esse Iscariotes, ao que se sabe, não passava de um revoltado com o status quo e vivia doido pra dar um golpe nos romanos, os “States” da época. Como seu Mestre era mais adepto do bom e surrado “paz e amor”, ficou decepcionado e o entregou por 30 denários. De posse da grana, foi até a Solavia da época e comprou um pacote pro Quinto dos Infernos, mas há dúvidas se chegou lá.
Quinto dos Infernos não é um destino, é um desafio. Além de longe, é muito quente por lá. A única coisa garantida ao hóspede é o bronzeado na volta, se voltar. Falta ar-condicionado nos quartos, nos salões, no restaurante, em todos os lugares e, além disso, os funcionários tem um comportamento meio diabólico.
Há quem prefira ir para o Diabo que te Carregue, mas ai vai depender da disponibilidade do próprio. Antigamente, diabos eram mais atuantes, cordiais e solícitos. Hoje em dia, como cada homem convive com seus próprios demônios, como dizem os filósofos, ele que se carregue. Deixa os diabinhos em paz.
O fato é que agentes de turismo aleatórios, como nós, vivemos de explorar lugares. Atrás de roteiros memoráveis, diáfanos, inacessíveis, como Nárnia, o Fim do Arco-Íris ou a Terra do Nunca. Locais que nos remetem a uma infância, onde o único abuso que sofríamos dos mais velhos era quando nos mandavam “plantar batatas”, “catar coquinhos” “caçar sapo com bodoque” ou “pentear macacos”. Isso quando não apelavam para o “vai ver se estou lá na esquina”.
Fui!
Manoel Dorneles

Dorneles, como sendo representante legítimo da Solavias, quero lhe pedir um orçamento de cunho turístico. pretendo mandar (só ida sem volta!) algumas pessoas ou para o Raio que o Parta ou para Desta pra Melhor. Vê aí o que é mais baratinho!
Tive uma ideia: vou abrir uma loja pra vender artigos para jogos de mesa e de tabuleiro e batizar com o sugestivo nome de ‘Casa do Baralho’!