Cheiro de velho

Num episódio antigo dos Simpsons, a família vai à procura do Vovô, que havia saído para reencontrar um amor de sua juventude. Nessa busca, chega-se a uma loja frequentada antigamente pelo idoso, onde ele, segundo o proprietário, comprava seu perfume predileto. Ao cheirar o frasco, Bart diz: “Ah, então é um perfume! Pensei que fosse o cheiro de velho dele!”

Mais recentemente, numa cena do filme ‘The Curse of Bridge Hollow’, o personagem de Marlon Wayans incorpora numa sessão espírita uma médium falecida há muitos anos e, ao final, depois da desincorporação, surpreende-se: “Como foi que eu fiquei com esse cheiro de velho?”

Pois é. A questão é essa: velhice tem cheiro? Se tem, é cheiro de quê? Mofo? Decomposição? Armário fechado? Deterioração? Porão escuro? Casa mal-assombrada?

Outra questão: quando nós – incluo a mim e parte de meus leitores – vamos começar a cheirar como velhos? E quem vai nos avisar de que estamos cheirando como velhos, já que, como nos acostumamos a nossos odores, não vamos perceber a mudança?

Diz a ciência que não há como escapar: depois dos 60 anos, uma série de alterações na estrutura e no funcionamento da pele faz nosso cheiro mudar. Algumas pessoas boas de faro chegam a notar rapidamente o aroma diferente em nós, idosos. Um trabalho da Universidade de Nagoya, no Japão, até identificou uma substância, chamada 2-nonenal, que fica mais concentrada na pele de indivíduos com idade avançada. Seu acúmulo seria um dos fatores por trás desse cheiro.

Na experiência, eles analisaram o teor da substância na camisa de 22 pessoas, entre 26 e 75 anos. Nos indivíduos com mais de 40 anos, a concentração de 2-nonenal no tecido era duas vezes maior do que no dos mais jovens. Nos mais velhos, a concentração triplicava. Uma das explicações é que o aumento do 2-nonenal vem da decomposição de ácidos graxos e ômega-7, substâncias que estão mais presentes em nossa pele quando envelhecemos.

O motivo desse aumento ainda é uma dúvida. O que eles especulam é que esse crescimento pode estar relacionado às mudanças do metabolismo ou de alterações na quantidade de algum outro produto químico nas secreções da pele. O próprio processo de envelhecimento faz com que os órgãos operem com reserva funcional, causando muitas mudanças no metabolismo.

Dizem que o ‘cheiro de velho’ não é necessariamente desagradável. Como se algo que chama ‘cheiro de velho’ não comece a ser desagradável pelo nome… 

Marco Antonio Zanfra

2 comentários

  1. Alia-se ao fato de que, talvez por esquecimento, as sessoes de banho sao reduzidas.. o que não ajuda muito para que o comprovado cheiro de velho se dissipe. As vezes me pego “ hmm será que tomei banho ontem?” Kkkkk

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