Sempre gostei de caminhar, desde criança. Morava em Pirituba, a um pouco menos de cinco quilômetros do Pico do Jaraguá, e fazia o trajeto de ida e volta ao parque, a pé, pelo menos duas vezes por semana.
Quando adulto, minhas incursões pelo pedestrianismo tornaram-se mais constantes, mas por uma razão menos nobre: ia dormir bêbado, acordava muito cedo, e fazia da caminhada quase compulsiva um freio para a ansiedade e o salvo-conduto para que meu organismo tentasse recompor-se um pouco, antes de começar a beber de novo. Morava na Lapa e conheci praticamente o bairro todo a pé.
Depois que parei de beber, não parei de andar. Cinco quilômetros por dia era um parâmetro aleatório, mas era mais ou menos isso que cumpria regularmente – não de uma tacada só, mas de caminhada em caminhada. Todos os caminhos que não fossem exageradamente longos eu preferia fazer a pé, a uma velocidade média de seis quilômetros horários, que é um ritmo a que meu corpo se acostumou já há algum tempo.
Pois leio na Folha de hoje que qualquer caminhada faz bem à saúde, mas o benefício é maior quando se mantém a média de quatro mil passos diários. Isso se traduz entre dois quilômetros e meio e três quilômetros. Na minha velocidade média – que mantenho, apesar de o motor já não ser tão novo – significaria meia hora por dia. Esse hábito saudável, segundo os especialistas ouvidos pela Folha, reduziria o risco de morte por qualquer causa, inclusive por doenças cardiovasculares.
Quem tem o hábito de caminhar regularmente acrescenta melhoras à circulação sanguínea e diminui os níveis de colesterol, consequentemente prevenindo doenças cardíacas. A caminhada também é boa para prevenir o diabetes e as alergias, além de determinados tipos de câncer, segundo o jornal.
Há quem encare a caminhada como ‘esporte de idosos’. Pois eu acho que só virou esporte de idoso, para mim, quando reduzi a quantidade de quilômetros rodados. Diminuí praticamente a zero meus percursos durante a pandemia e até agora não consegui retomar a média de cinco quilômetros/dia. Mas vou ao supermercado e volto – pouco mais de três quilômetros – em quarenta minutos, contando o tempo gasto nas compras.
É claro que, aos 67 anos, fica mais difícil completar trajetos mais longos sem sentir as pernas pesarem um pouco. Mas o que me move é a satisfação, não a obrigação. Caminhar, para mim, é quase uma necessidade fisiológica. Fazer bem à saúde é uma mera, embora desejável, consequência.