Nos anos 80, bem na época em que o anúncio da US Top era o must da televisão, eu estava em Brasília, cobrindo a Constituinte, para a Associação Brasileira de Recursos Humanos.
Em meio a muita gente que conheci, havia o Fernando, um lobista, trabalhando para defender os interesses de grandes empresas mineradoras.
Um dia, a caminho do Plenário, entrei no elevador de “Vossas Excelências”. Nele, um parlamentar impediu a ascensorista de me expulsar.
As portas começaram a fechar, quando vi o Fernando, no meio do povo que esperava elevador.
– Bonita camisa, Fernandinho, gritei.
Só então reparei que, ao meu lado, estava o parlamentar que impedira minha expulsão: o então senador Fernando Henrique Cardoso, com um sorriso discreto e comedido.
Fiz o quê? Fiz de conta que não tinha dado vexame. Apenas agradeci por deixar que eu usasse o elevador exclusivo de Excelências como ele.
E vida que segue, como dizia o João Saldanha ou o Caio Fernando Abreu. Como a história é sobre o Fernandinho, vou atribuí-la ao Caio Fernando.
Quem eu vejo falando sempre ‘vida que segue’ é o Ricardo Kotscho.