Cresci num mundo onde o silêncio era quase obrigatório. Na sala de aula, silêncio absoluto; em casa, silêncio para estudar, som baixo e nada de gritos nem barulhos
Antes mesmo de me formar em jornalismo, fui trabalhar numa redação. Só quem viveu na época das máquinas de escrever e dos gritos de “desce”, para chamar os contínuos, sabe o que é barulho
Nos primeiros dias, achei que não conseguiria me concentrar. Um mês depois, ficava tão concentrada que nem ouvia a pessoa do lado.
Queria ter a mesma capacidade hoje em dia, para “desligar” dos sons de furadeira e de marretas na obra ao lado de casa. Fico tentando ouvir a televisão e não consigo! Grito, xingo, reclamo e não adianta. Mesmo que eu não queira, a obra vai continuar, sabe-se lá até quando, pois já faz quase um ano!
Quando vim morar aqui, há 19 anos, o então dono do mesmo imóvel começou uma reforma interminável. A dona da minha casa foi conversar com ele. Sabem o que falou? “Sua inquilina devia ir morar no meio do mato.”
Acho que é por aí… Se não gosto do barulho da cidade, preciso arrumar um canto isolado e silencioso para viver. Uma ilha deserta, no meio do oceano, seria o lugar ideal: praia, sol e só o barulho das ondas e dos pássaros! Que delícia!!!